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Sítio de São Sebastião ganha novo nome e projetos

Terça, 29 de Maio de 2012

Mais de 30 anos após a sua descoberta, o Sítio Arqueológico São Francisco, agora identificado como Sítio Etno Arqueológico São Francisco, se prepara para receber sinalização turística e melhorias . A previsão é que a licitação para a contratação dos serviços saia já no segundo semestre de 2012. E essa não é a única novidade para esta área que é considerada patrimônio histórico e cultural e data do século 18. 

As novidades são apontadas pelo arqueólogo coordenador científico do Projeto São Francisco, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Dr. Wagner Gomes Bornal, que também é diretor técnico da Fundação Deodato Santana, de São Sebastião. Bornal é um apaixonado pela história do sítio e desde 1990 trabalha em sua escavação e levantamento de dados junto com uma equipe de nove pessoas composta por arqueólogo, historiador, analista de sistema e técnicos de campo.

Para dar uma nova cara ao sítio , o projeto elaborado em parceria com o Parque Estadual da Serra do Mar (PESM), Núcleo São Sebastião, prevê toda a sinalização da área de 1,2 milhão de metros quadrados e a implantação de passarelas e pontes para ajudarem na subida, uma vez que a construção da antiga fazenda de escravos está localizada a 270 metros de altitude (acima do nível do mar).

“Não podemos divulgar, ainda, de onde vem o recurso, mas a verba já está destinada para esta finalidade”, antecipa Bornal. Ainda segundo ele, a entrada está prevista para a chamada Área 3, localizada na Cigarras, e que hoje ainda é alvo de estudos. Se hoje é possível fazer uma caminhada de 40 minutos a uma hora entrando pelo bairro São Francisco, com a modificação prevista, este passeio poderá durar até seis horas. “O sítio vai ser uma sala de aula aberta, com fontes de explicação por toda a sua extensão”.

Falando em sala de aula, a alteração no nome também serviu para agregar mais valores a este que é considerado um patrimônio não só de São Sebastião, mas da humanidade. “Ao analisarmos, este é um espaço de diferentes culturas, crenças, religiões e os interessados podem trazer para o sítio suas atividades, desde que com prévia autorização”, explica o coordenador. 

Um dos exemplos dessa utilização é o instituto EducAfro, do Rio de Janeiro, que pediu permissão para usar o espaço. É bem lembrado pelo Dr. Bornal que a ligação com a África é muito forte porque muitos escravos foram levados para a casa antes de serem vendidos para outras fazendas espalhadas pelo Brasil. “Muita dessa história dos africanos, dos escravos, estão nessas terras”.

Com o estudo do meio, as dependências do sítio também são usadas por grandes escolas que trazem seus alunos para pesquisas que envolvem da área de história, passando pela matemática, biologia, geografia e até mesmo educação física. “Trabalhamos já com agências turísticas especializadas neste tipo de atividade”, conclui.

Patrimônio

Embora localizado em São Sebastião, a maior parte dos recursos para as pesquisas e funcionamento do Sítio Etno Arqueológico vem de fontes de fora, buscadas à fórceps. Mas a falta de uma lei específica que permita a transferência direta para esta finalidade faz com que os recursos entrem na fundação e sejam diluídos em outros projetos. Diante disso, a proposta de Bornal é a criação de uma lei específica criando a Unidade Preservada do Patrimônio Cultural (UPPC) com a implementação do Núcleo de Arqueologia e Parque Arqueológico.

Essas medidas vão garantir,  além da geração de renda, vai permitir e facilitar a captação de recursos que serão aplicados diretamente no local.. Este foi um dos temas apresentado por Bornal, em abril passado, aos vereadores de São Sebastião, que também tiveram a oportunidade de fazer uma caminhada pelas terras para conhecer um pouco mais desta realidade. “Estou preparando a minuta de um projeto de lei que será entregue aos nossos políticos onde vai constar o que é preciso para a implantação dessas sugestões”.

Museu

Com mais de 100 mil peças recolhidas das áreas de escavação e já catalogadas, a busca também é para a liberação de um recurso da ordem de R$ 90 mil, pela administração municipal para a implantação do Museu do Sítio Arqueológico. Esse material se encontra hoje no Recanto Batuíra, mas não pode ser liberado para visitação e apreciação por falta de um local adequado para abrigar essas peças.

Isso será possível, com a colocação de mobiliários adequados, instalação de cenários e iluminação especiais. “Não é um museu com bancadas fechadas por vidros. A proposta é uma ação mais interativa contando a história do sítio em todas as suas fases”.

Desta forma, pelo projeto já apresentado, a primeira fase será representada por um navio negreiro, com corte adequado, que vai mostrar objetos pertencentes aos negros, aos que trouxeram com eles durante a viagem do Continente Africano. A segunda retrata a senzala, com uma característica unifamiliar, onde a cultura, os costumes, também serão demonstrados.

Outra fase terá como tema a produção registrada na fazenda com moendas e pilões onde os visitantes terão a oportunidade de manusear os objetos representativos daquela época. A quarta etapa representa um jantar da elite do século 19, com os utensílios pertinentes e mesmo restos de refeição e alimentos que eles comiam. Encerrando o museu, haverá um quintal com simulação de uma escavação onde será permitida ao visitante a sua interação. A entrada será gratuita, sendo que o recurso para a manutenção do espaço viria da visitação ao Sítio Arqueológico, que está a cargo da Secretaria de Cultura de Turismo do município (Sectur). 

Fonte: Imprensa Livre














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