Sábado, 08 de Setembro de 2012
Quem procura em São Paulo um lugar para comprar itens de vestuário dificilmente deixa de passar pela região do Bom Retiro. Localizado na região central da cidade, o bairro oferece grande variedade de opções em razão das cerca de 1.200 confecções instaladas pela região.
Essa concentração de produção e demanda permitiu ao Sinditêxtil SP identificar problemas de desperdício na região.
Dados da entidade mostram que só o Bom Retiro gera cerca de 12 toneladas de resíduos têxteis por dia, o que representa 2% do total de retalhos no Brasil, que até pouco tempo iam para o lixo.
Para mudar essa situação, o sindicato desenvolveu o projeto Retalho Fashion, fruto de quatro anos de pesquisas, com o objetivo de organizar o descarte e a coleta de resíduo têxtil na região. O intuito é vender esse material para a indústria recicladora e permitir seu reaproveitamento.
Conforme explica Alfredo Bonduki, presidente do Sinditêxtil SP, o projeto poderá reduzir o volume de importação que, no ano passado, atingiu 13.500 toneladas de trapos de tecidos, o equivalente a mais de US$ 13 milhões, para abastecer empresas locais que compram e reciclam este material na fabricação de novos fios.
Desse total, o Estado que mais importou trapo em 2011 foi o Ceará, com 5.400 toneladas em 2011. Em seguida aparecem Santa Catarina (2.687 toneladas), Paraíba (1.939 toneladas) e São Paulo (1.776 toneladas). Este último teve como principais fontes de oferta países como Estados Unidos e Argentina.
A previsão do Sinditêxtil é que o projeto, ainda em fase inicial, esteja em plena operação até 2014. "Estamos mapeando as confecções e identificando a quantidade e a qualidade desse material jogado fora. Em paralelo, estamos buscando empresas interessadas em reutilizá-los", diz Bonduki, acrescentando que a iniciativa já conta com o apoio da prefeitura de São Paulo para ajudar na organização da coleta dos materiais.
O resultado desse projeto vai se concretizar em roupas novas e também é possível utilizar esse material para fazer tapetes, sacolas de supermercados e forração de automóveis.
O levantamento feito pelo Sinditêxtil SP identificou que o desperdício nas confecções de vestuário chegam a 12%, seguido por linha lar (5%), artigos técnicos (5%) e meias e acessórios (2%).
De acordo com a lei, só aqueles que produzem acima de 200 litros de lixo diário têm de contratar uma empresa para recolhê-lo. Assim, a maioria dos comerciantes descarta o que sobra na frente de seu estabelecimento, fazendo com que os retalhos tenham como destino final os aterros sanitários.
"O Brasil é o quarto maior produtor mundial de algodão e não podemos continuar importando o que jogamos no lixo. Além disso, o projeto poderá contribuir para a inclusão social e preservação ambiental", comenta Bonduki.
"Tecidos como poliéster e náilon podem demorar até uma século para decomposição. O projeto vai ajudar a evitar que esse material, que ainda pode ser reutilizado, prejudique o meio ambiente", destaca.
O presidente do sindicato espera que outras cidades brasileiras também possam adotar a iniciativa. "Cada região tem uma condição diferente para mobilizar as indústrias locais e começar esse trabalho", afirma Bonduki.
Fonte: Brasil Economico/Akatu
Esse site é um registro passivo da memória do Convênio Diálogo para a Sustentabilidade que reuniu Petrobras, ReaLNorte e Universidade Católica de Santos e aconteceu de 2008 a 2012.